Insilêncio
– Paradigma da Palavra –
Junho 01, 2025
Procuro o silêncio
Dentro do ruído.
Oiço música alto,
A ver se o consigo.
Fecho os olhos ao mundo.
Isolo o canto dos pássaros.
Sirenes de ambulância ao fundo,
Intermitentes com as buzinas de impaciências
e os brados dos cansaços.
Faço sandwich de cabeça
Entre fatias de almofada,
Só para escutar o intervalo latente
Entre o vento
A chuva e a trovoada.
Nada disto funciona,
Tudo é vão e absurdo!
O silêncio não vem.
Sou refém
Deste fragor mudo
Deste incessante burburinho,
Deste insilêncio pequenino,
Que não cresce nem desaparece,
Não murcha nem floresce.
Não mirra, não migra, não morre,
Vive cá dentro como pode,
Sereno e encolhido
Na sua modesta brandura.
Sou a sua casa eterna,
Paredes-meias com a loucura.