Tão-só
Agosto 31, 2023
Prosas Soltas
Tão sós de espanto, tão nós de contentamento. Fingimos bem ter alento. Sabemos rir, de olhar atento – contudo, o mudo e ledo engano trai o secreto pensamento.
“Não sou transparente, nem insano!” – decretamos hoje, que o amanhã vem tarde e lento.
Seguem os dias, ocos e surdos, e nós, lestos de livramento – cala-te boca, t’arrenego Satanás, para trás, hostes do demo!
Tudo o que temos e somos, sucumbe ao ritmo lerdo e hipócrita do nosso entediado encantamento!
Salto, quedo-me ou morro? Sangro, estanco ou grito por socorro?
– Vive hoje, tão-só, que o amanhã não passa de espavento!